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#008 Por que abandonei infoprodutos (mesmo ainda vendendo) e foquei em construir marcas virais

Narrativas que colam #008

Nos últimos anos, faturei mais de R$180 milhões em lançamentos digitais. Criei campanhas de múltiplos 7 dígitos de faturamento em poucos dias e testemunhei de perto a máquina de vendas que é o universo dos infoprodutos.

Mas em algum momento, uma pergunta começou a ecoar na minha cabeça:

"Se tudo isso é tão lucrativo... por que parece que estou sempre recomeçando?"

Essa pergunta foi o gatilho para uma das decisões mais importantes da minha carreira: trocar o foco frenético dos lançamentos por algo mais durável — a construção de marcas virais.

E neste artigo, eu explico o porquê.

1. Infoprodutos são excelentes para gerar caixa. Mas não constroem equity.

Sim, infoprodutos vendem rápido. Sim, têm margens altas. Sim, funcionam.

Mas existe um problema silencioso: o jogo de infoprodutos gira em torno de urgência, e não de recorrência. Você lança, vende, fatura — e começa tudo de novo.

Enquanto isso, marcas bem construídas ganham valor com o tempo. Elas se tornam ativos negociáveis, geram recompras, criam comunidade e podem até ser vendidas por múltiplos sobre o faturamento.

O que os números não contam sobre infoprodutos

Na superfície, os números são impressionantes: margens de 90%, escala imediata, zero estoque. Mas o que raramente é discutido é a taxa de desgaste do modelo:

  • Ciclo de vida curto: A maioria dos infoprodutos tem vida útil de 12-18 meses antes de precisar ser completamente renovado

  • Dependência de tráfego pago: Quando o algoritmo muda ou o CPL dispara, seu negócio inteiro pode desmoronar da noite para o dia

  • Valor de revenda quase nulo: Tente vender uma "empresa de infoprodutos" sem o infoprodutor...

Compare isso com marcas consolidadas que são vendidas por 4-8x o faturamento anual e você começa a entender o real custo de oportunidade.

2. Infoproduto é um "evento". Marca é um "movimento".

Todo lançamento é um evento: começa, explode, acaba. Marca é o contrário: começa pequeno, ganha força e se torna um movimento de verdade.

Foi isso que vi acontecer com a creatina Big Boom, o produto de um de nossos mentorados, que saiu do zero para R$50 mil de faturamento no primeiro mês e mais de R$1 milhão de faturamento por mês no primeiro ano. A diferença? Não era um produto genérico. Era uma marca com identidade, história, desejo, comunidade e posicionamento.

Anatomia de um movimento de marca

O que transforma um produto em um movimento? Observei padrões claros nas marcas que ajudei a construir:

  • Propósito além do produto: A marca defende algo maior que suas funcionalidades

  • Comunidade auto-sustentável: Os clientes se tornam evangelistas que recrutam outros clientes

  • Identidade tribal: Usar o produto significa pertencer a um grupo específico com valores compartilhados

  • Linguagem própria: A marca cria termos e expressões que seus consumidores adotam e espalham

Um exemplo concreto: quando lançamos nossa marca de suplementos, não vendemos apenas "creatina" — vendemos um lifestyle de "performance sem concessões". Os clientes não estavam apenas comprando um pó em um pote, mas uma declaração de identidade que comunicava seus valores para o mundo.

3. Marca viral gera recompra. E recompra é lucro sem mídia.

Nos infoprodutos, cada venda depende de tráfego. Você zera os resultados a cada nova campanha.

Nas marcas, especialmente de consumo (como suplementos, cosméticos, alimentos...), a primeira venda paga o CAC. Mas o lucro real vem na recompra — que não tem custo de mídia.

É a matemática da escalabilidade:

Infoproduto: precisa sempre de novos leads.

Marca: fideliza e fatura mais do mesmo cliente.

4. Infoproduto depende de você. Marca pode viver sem você.

Quantos lançadores você conhece que têm liberdade? A maioria está presa num ciclo de webinars, lives, gravações, copies e prazos.

Construir marca é construir independência.

Você deixa de ser o produto e passa a ser o arquiteto de algo maior que você. Algo que tem valor mesmo sem a sua presença no front.

5. Infoproduto exige novidade. Marca exige consistência.

No jogo dos lançamentos, você precisa sempre de algo novo: nova oferta, novo nome, novo script, nova promessa…

No jogo das marcas, quanto mais consistente você for, mais poderoso seu ativo se torna.

O nome ganha força. A embalagem vira símbolo. A promessa se cristaliza. E você para de nadar contra a corrente da atenção.

O paradoxo da consistência: menos é mais

Estudos de neuromarketing mostram que precisamos de 5-7 exposições a uma mensagem antes de agir. Com marcas, cada exposição se soma à anterior, criando um efeito cumulativo. Com infoprodutos, frequentemente zeramos esse contador mental ao mudar o ângulo de abordagem.

6. Atenção virou escassa. Mas boas marcas continuam imprimindo desejo.

O mundo virou um mar de conteúdo. Mas o que chama atenção hoje não é apenas copy. É identidade. É o impacto visual. É o lifestyle. É o pertencimento.

Marcas virais como Liquid Death, Glossier, Gymshark e até a própria Apple mostram que storytelling visual + posicionamento criam desejo sem precisar gritar.

É isso que aplicamos nas marcas que estamos construindo agora — e que nos permite vender mais gastando menos.

A nova economia da atenção: ser memorável > ser visto

Minha maior descoberta ao transitar para marcas foi que visibilidade não é o mesmo que memorabilidade.

No mundo dos infoprodutos, estamos obcecados com alcance, impressões e cliques. Mas o que realmente importa é quanto tempo você permanece na mente das pessoas depois que elas deixam de ver seu conteúdo.

Estratégias que implementamos:

  1. Design disruptivo: Nossa embalagem viola deliberadamente as convenções da categoria para criar "dissonância cognitiva"

  2. Histórias de origem memoráveis: Criamos narrativas simples que os clientes podem repetir em conversas sociais

  3. Elementos proprietários: Desenvolvemos símbolos e elementos visuais que só nossa marca usa

  4. Experiências compartilháveis: O unboxing do produto é projetado para ser fotografado e postado

E sim: eu ainda vendo infoprodutos. Mas agora eles servem a um propósito maior.

Eu não larguei o digital. Eu evoluí a estratégia.

O infoproduto virou parte do ecossistema da marca. E não o negócio principal.

Infoprodutos te dão dinheiro. Marcas te dão liberdade, valor e legado.

Se você está cansado de viver em função do próximo lançamento, talvez esteja na hora de fazer o mesmo movimento que eu fiz:

Trocar o barulho passageiro por algo que cresça com o tempo. Trocar o "evento" pelo "movimento". Trocar produto por marca.

Hoje, estou mais leve, mais estratégico e construindo ativos que vão durar muito além do próximo script de vendas.

E você? Vai continuar vendendo produto... ou começar a construir marca?

Um grande abraço

Cristiano Oliveira